TTR In The Press
Participações
March 2014
As maiores transações
Maiores M&As movimentaram US$ 55,2 bilhões em 2013 no Brasil. Especialistas enxergam estratégias de consolidação e expansão
Envolvendo valores acima de US$ 1 bilhão, as 13 maiores operações de M&A anunciadas em 2013 no Brasil totalizaram US$ 55,2 bilhões. Estes números fazem parte dos dados da PwC sobre o setor. Para especialistas, embora seja uma parcela muito pequena em termos numéricos dos M&A, estas aquisições bilionárias são um resultado claro da busca por expansão em diferentes setores.
Marta Borges, TTR
Fizeram parte destas grandes operações gestoras como a brasileira 3G Capital, que uniu-se à Berkshire Hathaway (do magnata americano Warren Buffet), para adquirir a marca Heinz por US$ 28 bilhões. Ou ainda, os private equities internacionais KKR e Warburg Pincus adquirindo, respectivamente, a Gardner Denver (US$ 3,7 bilhões) e a divisão de gestão de recursos do banco Santander (US$ 2,7 bilhões).
Aparece também na lista da PwC algumas das maiores operações envolvendo a Petrobras. A empresa vendeu 100% dos ativos de sua subsidiária integral no Peru para a China National Petroleum por US$ 2,6 bilhões. Formou ainda uma joint-venture com o BTG Pactual, após vender ao banco cerca de 50% de participação em uma de suas controladas na África por US$ 1,52 bilhão. Não se pode deixar de citar o IPO da BB Seguridade, braço de seguros do Banco do Brasil, que foi considerado o maior IPO do mundo em 2013, com valor de US$ 5,7 bilhões.
Alexandre Pierantoni, sócio da PwC Brasil, enxerga dois perfis bem característicos neste grupo das maiores operações de aquisições. "Existe o perfil estratégico e o perfil de private equity. Para o estratégico, essas aquisições de maior porte estão de fato relacionadas à consolidação da presença em um setor. Enquanto o private equity, obviamente, procura uma boa plataforma para investir e alavancar o capital", analisa.
Um exemplo destas estratégicas foi a da Coca-Cola FEMSA que adquiriu a Spaipa, indústria brasileira de bebidas, por US$ 1,8 bilhão. "É uma questão da consolidação de atuação, adquirindo engarrafadores e distribuidores. Trata-se mais de uma verticalização de operações", explica.
Pierantoni ressalta ainda que as operações de cunho estratégico foram esporádicas por haver muitos setores fragmentados, além de serem raras justamente pelo porte das envolvidas. "Há poucos alvos de aquisição em empresas deste tamanho. São setores que demandam investimentos de grande porte", explica, citando como exemplo a operação do BTG Pactual com a Petrobras.
No Brasil, o grande número de M&A está concentrado no mercado médio de empresas, onde há maior oportunidade de crescimento, maiores possibilidades de consolidação de setores e de formação de plataformas. Pierantoni percebe que continuarão existindo aquisições de grande porte, mas elas devem se concentrar em negócios associados a setores de infraestrutura, de consumo e logística. Para o executivo, uma operação como o IPO do BB Seguridade é favorecida pela atratividade de determinados setores da economia brasileira para os investidores estrangeiros.
O sócio da PwC analisa também os negócios da KKR e da Warburg Pincus lembrando que os private equities têm um papel fundamental em termos de investimento na economia real e no reaquecimento do mercado global. Sua participação no Brasil se mostra ainda mais crescente "em termos de participação e do número de transações anunciadas", diz Pierantoni. Otimista, ele acredita que, embora os M&A estejam levando mais tempo para ser oficializados, o volume de operações deve continuar similar ao do ano passado.
Contraponto - Para Marta Borges, analista da TTR, o número de transações pode diminuir um pouco este ano, principalmente nos períodos próximos da Copa do Mundo e das eleições. A analista leva em conta informações que são divulgadas sobre o momento atual da economia brasileira, além de também observar que transações deste porte ocorrem em função de fatores como a estabilidade política, o crescimento da economia, da classe média e do consumo nos últimos anos. "O Brasil é um mercado emergente que demanda mais produtos e serviços, e o mercado estrangeiro está de olho nisso", afirma.
Marta destaca ainda a aquisição da uruguaia Zenda Leather e da brasileira Excelsior Alimentos, subsidiárias da Marfrig, pela JBS, devido ao valor das transações: R$ 5,85 bilhões. "Eu incluiria também as transações envolvendo empresas do Eike Batista, a fusão da Oi com a Portugal Telecom, a fusão da Kroton com a Anhanguera, e as concessões do Aeroporto Galeão e do Aeroporto de Confins", completa.
Interesses estratégicos - Celso Paes de Barros, sócio diretor da Vergent Partners (integrante brasileira da Global M&A), analisa que o interesse por investimentos no Brasil continua grande, independente da volatilidade da economia no curto prazo, provocada por fatores como a pressão inflacionária, instabilidade do câmbio, entre outros. "Temos que imaginar que muitas dessas decisões vêm de fora. Elas são menos impactadas por isso", afirma.
Barros enxerga também nessas grandes fusões e aquisições um retorno dos investidores estratégicos ao Brasil, além dos private equities. "Estamos vendo a volta de mais concorrência de ativos, por mais interesse estratégico, além dos private equities. Também vemos a volta do investidor japonês. Políticas adotadas nos últimos tempos no Japão tem feito com que voltem suas atenções para o exterior", reitera Barros.
O Brasil ainda se mostra um mercado grande apesar de ter crescido pouco nos últimos anos por conta de políticas econômicas desacertadas, afirma Barros, e operações como a da Coca Cola e Spaipa, ou da Petrobras e da China National Petroleum representam bem uma posição de consolidação. "São compras de ativos e não necessariamente uma aposta no Brasil. Acho que, estrategicamente, essas empresas já têm um olhar do Brasil", destaca Barros, para quem as operações de M&A estão crescendo devido à capacidade e ao capital disponível das empresas estrangeiras para realizar estes negócios.
Participações - http://www.participacoes.com.br/empresas-e-negocios/fusoes-e-aquisicoes/1567-as-maiores-transacoes.html