TTR In The Press

O Globo

October 2018, João Sorima e Rennan Setti

Com fim das eleições, mercado de capitais espera abertura de oportunidades

Expectativa é que empresas desengavetem planos de fusões e abram capital

SÃO PAULO E RIO - Com o desfecho das eleições presidenciais hoje, o mercado de capitais espera a abertura de uma janela de oportunidades. Em suspense há meses por causa da tensão eleitoral e do desempenho frustrante da economia, empresas começam a desengavetar planos de aberturas de capital, lançamentos de títulos, fusões e aquisições. No entanto, o tamanho dessa janela vai depender de sinais concretos do novo presidente, dizem operadores do mercado. A expectativa de vitória de Jair Bolsonaro (PSL) tem valorizado a Bolsa com a aprovação dos investidores à cartilha liberal do guru econômico do candidato, Paulo Guedes, em contraposição ao intervencionismo associado ao PT de Fernando Haddad, cuja virada vinha sendo vista como improvável. Mas a incerteza não sairá de cena tão cedo. A falta de clareza de Bolsonaro sobre pontos do seu programa ainda deixam dúvidas no mercado sobre sua capacidade de aprovar reformas. O resultado é um otimismo cauteloso, com amplo espaço para frustrações, que dará o tom nos próximos meses.

O ano começou com a Bolsa batendo recorde e o anúncio de grandes operações, como a fusão de R$ 35 bilhões das gigantes de celulose Suzano e Fibria, em março. No mês seguinte, a Eletropaulo começou a ser disputada por várias empresas — a Enel levou por R$ 5,5 bilhões — e a Kroton anunciou a compra da Somos Educação por R$ 4,6 bilhões.

Na Bolsa de São Paulo, a B3, as três únicas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) também ocorreram em abril. Desde então, com a greve dos caminhoneiros e a polarização da disputa eleitoral, companhias que planejavam abrir capital, como Ri Happy, Agibank e Blau Farmacêutica, acabaram desistindo.

Segundo a consultoria Transactional Track Record (TTR), ocorreram este ano R$ 155,6 bilhões em transações de fusões e aquisições, compra de participações e investimento de capital de risco no Brasil. O volume está 2,3% abaixo do mesmo período do ano anterior. Faltando apenas dois meses para o fim do ano, o volume de ofertas de ações por empresas brasileiras no Brasil e no exterior foi de R$ 26,1 bilhões, 45% abaixo do registrado em todo o ano passado, considerando também emissões de empresas que já têm capital aberto.

— No começo do ano, havia uma expectativa grande de que a eleição seria disputada entre candidatos mais moderados. Quando ficou claro que a disputa seria entre Bolsonaro e o PT, as coisas esfriaram — define o líder de fusões e aquisições de um grande banco.

Na última semana, empresas começaram a se movimentar. O banco BMG e a companhia de tecnologia Tivit protocolaram pedido para abrir capital na Bolsa. A processadora de cartões Stone levantou US$ 1,5 bilhão na Nasdaq na última semana. Pelos prazos regulatórios da CVM, apenas esses dois IPOs conseguirão sair este ano, mas outras empresas já sinalizaram a intenção de retomar os planos de abrir capital, como Neoenergia, Multilaser e Banrisul Cartões.

A Blau Farmacêutica informou que está apta para realizar a oferta “no momento oportuno”, dependendo do apetite do mercado. Marciano Testa, do Agibank, diz que vai decidir com base na reação dos investidores ao resultado das eleições.

— Hoje, há de 20 a 30 empresas que estariam prontas para fazer o IPO — estima Alessandro Marchesino, da consultoria PwC.

Reação no início de 2019

Rogério Gollo, da PwC, estima que pelo menos 170 negócios de fusão e aquisição devam ser concluídos até dezembro. Isso será suficiente para igualar a marca de 2017, mas frustra a expectativa de alta de 10% que havia no início do ano. Mas em 2019, a PwC projeta alta de 15%. Segundo O GLOBO apurou, pelo menos uma megaoperação tem “chance razoável” de ser finalizada ainda este ano: a compra da petroquímica Braskem pela holandesa LyondellBasell, cuja negociação está em estágio final.


Source: O Globo - Brazil 


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