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January 2021
Especial: Fundos de private equity podem reorganizar setores penalizados pela covid-19
A essência do private equity é farejar o deslocamento de valor. Nesses fundos, a busca dos investidores é por negócios que têm perspectiva de crescimento. É por isso que o mercado de fusões e aquisições está interligado ao segmento: toda transação em que o capital privado atua tem um elemento de M&A (sigla em inglês para fusões e aquisições). No pós-pandemia, os setores mais afetados pela crise sanitária se sobressaem no radar desses investidores - o varejo tradicional é um exemplo.
Nestes segmentos da economia, muitas empresas estão com o valor dos ativos em baixa, mas há uma possibilidade de recuperação quando a economia voltar à carga. E diante de ativos baratos, as antenas estão de pé para a busca de consolidações ou compra de companhias. "Eu posso entrar numa empresa sob estresse, ajudar que ela se consolide para sair mais forte deste processo. O viés das fusões e aquisições é de 'rearrumação', equipar as empresas para depois dos problemas", sintetiza Álvaro Gonçalves, sócio da Stratus Investimentos.
Uma parte do setor de varejo está nesse conjunto de empresas porque não se adaptou à pandemia, que acelerou a adoção de novos hábitos de consumo. "Quem não se adaptou acabou se descapitalizando e reduzindo o valor de seu ativo. Isto gerou oportunidade para os investidores interessados", diz Fernando Escobar, sócio da consultoria Peers Consulting. Segundo ele, o cenário é ideal para os gestores de private "agirem como tubarões" e consolidarem as empresas, principalmente em setores muito fragmentados.
Há, no entanto, algumas incertezas. O investidor de M&A busca visibilidade sobre como a cadeia de negócios envolvida na operação vai se comportar à frente. A vacinação da população brasileira contra a covid está no horizonte, mas não se sabe muito bem a que distância. Por isso, há setores em que não é possível ter esta visibilidade e os investidores ainda não se aproximaram. Álvaro Gonçalves, da Status, cita restaurantes e academias como segmentos com operação ainda afetada, mas que em 2022 devem estar entre os mais aquecidos no mercado de fusões e aquisições.
Atualmente, a Urca Capital Partners atua em fusões ou aquisições de três companhias que passaram por estresse em 2020 e buscam compradores. Uma é do setor de terceirização de mão de obra, outra de educação e uma terceira, do setor editorial. Há ainda três casos de empresas captando recursos via private equity para crescerem. "Quando veio a crise a gente se preparou para uma enxurrada de companhias buscando venda, mas o volume foi menor que esperávamos", diz Leonardo Nascimento, sócio-fundador da Urca. "As empresas ganharam fôlego com a Medida Provisória que permitiu a redução salarial e, do ponto de vista do consumo, o auxílio emergencial deu uma segurada."
Desaceleração
A conjuntura de taxas de juros baixas empurra o capital para ativos não financeiros, o que aquece o mercado de M&A. Mas mesmo com a crise gerando oportunidades de negócio, o ano de 2020 teve recuo de 32% no volume de dinheiro movimentado no País em relação a 2019, segundo dados do relatório mensal da plataforma Transactional Track Record (TTR). De acordo com o levantamento, o ano passado encerrou com 1.549 transações registradas, uma diminuição de 5% na quantidade de negócios em relação ao anterior.
As transações envolvendo fundos de private aumentaram 12,4%, segundo a pesquisa. Mas o valor total dos negócios em 2020, R$ 11,5 bilhões, foi 54% menor que o visto em 2019 e o mais baixo desde pelo menos 2016, período considerado pelo levantamento. "Os fundos de private equity, que têm dinheiro em caixa, aproveitaram os preços baixos. Mas como o ano de 2020 foi muito desafiador, as transações foram em geral com companhias menores, de menor valor, o que explica a queda no volume", diz Nascimento.
Source: Broadcast - Brazil