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Expresso

February 2018, Maria João Bourbon

Fusões e aquisições aumentaram 33% em Portugal entre 2014 e 2017

Em 2017 contabilizaram-se mais 82 fusões e aquisições do que em 2014, incluindo participações de fundos de investimento de capital. Mas o seu valor total nesse ano ultrapassou o do ano passado em €1635 milhões

Num contexto de recuperação económica, o ritmo das fusões e aquisições intensifica-se. Entre 2014 e 2017, o mercado de fusões, aquisições e participações de fundos de investimento dinamizou em Portugal, crescendo 33% de 245 operações para 327. Mas, em volume, estas operações representavam em 2017 quase €11.500 milhões, menos €1.653 milhões que há quatro anos.

Do total das operações, 255 eram fusões e aquisições no sentido puro do termo, um valor que aumentou 53% face a 2014. Já as operações de venture capital (capital de risco) diminuíram de 36 para 29 e o private equity (capital privado) manteve-se praticamente inalterado, subindo apenas de 42 para 43.

As conclusões são do estudo M&A Monitor, elaborado pela consultora Llorente & Cuenca com o apoio da plataforma Transaccional Track Record, a que o Expresso teve acesso em primeira mão, e onde se analisa a transparência dos processos de fusões e aquisições no mercado ibérico, entre 2014 e 2017.

A quantidade e o volume de fusões e aquisições em Espanha e Portugal aumentaram significativamente nos últimos anos, situando-se acima dos €100 mil milhões por ano. Juntos, os dois países registaram 6.272 fusões e aquisições em 2014-2016, o que representa um crescimento de 85% face ao triénio anterior.

A aquisição é a operação mais comum, representando 39% das transações, seguida da compra de ativos e da participação minoritária numa empresa. O capital privado e de risco representam um quarto das transações analisadas.

“A melhoria do ciclo económico foi acompanhada pelo número de operações no mercado ibérico e com destaque para o aumento do volume de investimento estrangeiro nestes dois mercados”, sublinha ao Expresso Tiago Vidal, sócio e diretor-geral da Llorente & Cuenca Portugal. Do total das operações contabilizadas nesse período, 42% foram internacionais (cross-border).

FINANÇAS E SEGUROS IMPULSIONAM OPERAÇÕES

O setor dos serviços e distribuição representa 36% das transações anunciadas - e mais de €116.500 milhões. A explicação está no volume e quantidade de operações no subsetor de finanças e seguros, com a recuperação bancária e concentração de entidades financeiras. A compra do BPI pelo CaixaBank ou do Barclays pelo Bankinter são dois exemplos.

Ainda nos serviços e distribuição, o subsetor de alimentação e bebidas também teve um impacto significativo em volume, na sequência da fusão das empresas de engarrafamento da Coca-Cola Iberian Partners (CCIP), avaliada em €20 mil milhões.

Segue-se o setor imobiliário (23% das operações), que deverá continuar a recuperar, e o de telecomunicações e tecnologia (20%), com os processos de consolidação Vodafone / Ono, Orange / Jaztel, Telefónia / GTV, entre outros.

Também os fundos de investimento de capital (private equity), nomeadamente os de capital de risco (venture capital), ajudaram a dinamizar o mercado de fusões e aquisições entre 2014 e 2016. O setor de tecnologia e comunicações está aqui em destaque, seguido pelo de serviços e distribuição, que inclui banca e seguros, e pela indústria.

HÁ MAIS EMPRESAS A OCULTAR O PREÇO

Embora a cobertura mediática destas operações tenha aumentado (com uma média de 337 menções por operação entre 2014-2017, 88% acima dos quatro anos anteriores), “cada vez mais empresas preferem ocultar os números”, conclui o estudo. Das 6.272 operações registadas no mercado ibérico entre 2014 e 2016, 52% foram concretizadas sem dar a conhecer o preço.

“Do lado das empresas existe o receio de sobre-exposição e perda de controlo quando comunicam sobre um tema tão importante quanto um negócio de fusão ou aquisição”, explica Tiago Vidal. “No entanto, é também claro para nós que na larga maioria dos casos as empresas têm maior sucesso na concretização destas operações quando são elas que lideram a comunicação e não permitem que outras fontes não oficiais se transformem nos principais pontos de acesso de informação.”

Apesar disso, na cobertura mediática ainda é o conteúdo informativo que tem mais peso no total das publicações (83%) - num valor superior ao conteúdo analítico (12%) ou especulativo (5%), que o estudo associa à utilização de fontes não oficiais.

A estratégia principal de muitas empresas tem apostado em “silenciar o preço” e “aparecer o menos possível nos meios”. Mas a situação “mudou substancialmente” no último ano, em parte pelas exigiências dos diferentes grupos de interesse, meios de comunicação e opinião pública. “Vivemos num contexto de hipertransparência, com a diluição de fronteiras entre o que é público e o que é privado, e onde os diferentes grupos de interesse têm a capacidade de escrutinar, influenciar e serem líderes de opinião nos temas que os afetam”, remata.

 


Source: Expresso - Portugal 


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