TTR In The Press
Valor Econômico
March 2019, Alexandre Melo
Fusões e aquisições em infraestrutura de telecomunicações devem aumentar
As fusões e aquisições entre as operadoras de telecomunicações regionais e empresas de infraestrutura deverão ser mais intensas em 2019. Levantamento da consultoria Deloitte / TTR M&A indica que oito transações movimentaram R$ 9,9 bilhões no ano passado, sendo que outros sete negócios não tiveram os valores revelados. Em 2017, foram 13 operações que somaram R$ 3,7 bilhões.
Empresas com presença de fundos de investimento no capital social como a mineira Algar Telecom, a Vogel Telecom, a carioca SumiCity e a alagoana Aloo Telecom são as principais candidatas a intensificar a consolidação no âmbito regional. Já no segmento de provedores de infraestrutura de torres as potenciais consolidadoras são a American Tower e Phoenix Tower .
Uma fonte de instituição financeira disse ao Valor que atualmente três ativos estão à venda, alguns deles em fibra óptica. Os potenciais compradores seriam a Algar, Phoenix Tower e Vogel. Outro especialista citou que a Companhia Paranaense de Energia venderá a subsidiária Copel Telecom.
Analistas dizem que essas regionais são candidatas a serem "a nova GVT". Trata-se de uma referência à empresa fundada pelo israelense Amos Genish a partir da compra de uma licença da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) por R$ 100 mil, em 2000, e a vendeu à Telefônica em 2014 por R$ 22 bilhões. A Algar é considerada peça-chave na consolidação no próximo cenário.
Em janeiro de 2018, a Algar vendeu 25% de suas ações para o fundo soberano de Cingapura GIC, por meio da afiliada Archy LLC, por cerca de R$ 1 bilhão. Desde então, a Algar acelerou os aportes no aumento de vendas e receita, além de aquisição. Em 2018, foram destinados R$ 82,9 milhões à compra de ativos da Cemig Telecom.
Jean Carlos Borges, diretor-presidente da Algar Telecom, disse que o plano é investir de R$ 620 milhões a R$ 630 milhões em 2019. No ano passado, os aportes foram de R$ 733,2 milhões, 33,7% acima de 2017, mas incluíam aquisição de ativos, o que não está previsto agora.
Borges disse que monitora de perto as oportunidades que aparecem, mas que não há "nada de quente" no momento: "Sempre olhamos se há uma rede pronta [para comprar] para acelerar o nosso crescimento." Se isso ocorrer, ele disse que pode ser feito um aporte adicional, ou propor ao conselho de administração que troque recursos previstos para expansão de rede por compra de ativo. Essa é uma vantagem de ter um fundo como acionista, afirmou.
Sediada em Uberlândia, a Algar já fez três aquisições: Icara Telecom (2005), Optitel (2015) e Cemig Telecom (2018).
Segundo João Moura, presidente da Associação das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp), o declínio nos preços do serviço de telefonia está motivando negócios para potencializar os retornos individuais e recompor as margens. "Os fundos de private equity esperam um crescimento do setor nos próximos anos, por isso estão ativos."
"Vejo com otimismo a possibilidade de fusões e aquisições no setor principalmente com o novo cenário político-econômico. As potenciais transações deverão ser em FTTH [fibra óptica até a residência do cliente, na sigla em inglês], área que está em consolidação", disse Marcia Ogawa, líder nacional da indústria de tecnologia, mídia e telecomunicações da Deloitte.
A Vogel, que possui 85% do capital social detido pelo Pátria Investimentos, está presente em 600 cidades com seus serviços de redes. Faturou R$ 300 milhões em 2018. Fez quatro aquisições entre junho daquele ano e julho de 2016. O presidente Ricardo Madureira disse que os investimentos nos dois últimos anos somaram R$ 170 milhões.
Em infraestrutura, a American Tower arrematou o maior lote vendido pela Cemig Telecom no ano passado, por R$ 571 milhões. A rede de fibra óptica nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro será integrada às torres da empresa para vender capacidade no atacado, disse um analista de banco de investimentos.
A rival Phoenix Tower deve seguir os mesmos passos no Brasil.
Concessionárias de rodovias que possuem rede de fibra óptica também são candidatas a sair dessa área, considerada não estratégica. O Valor apurou que a Samm, controlada do Grupo CCR, contratou o BTG Pactual para vender a empresa. As empresas não se manifestaram sobre o assunto.
Robertson Emerenciano, sócio do escritório Emerenciano, Baggio e Associados, disse que negócios na área de infraestrutura deverão ser fechados em 30 a 60 dias no segmento de fibra óptica.
De acordo com Luis Motta, sócio-líder de telecomunicações da KPMG no Brasil, o processo de consolidação dessas operadoras começa pelas cidades do interior. (Colaborou Ivone Santana)
Source: Valor Econômico - Brazil