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Valor Econômico

April 2018, Juliana Schincariol

Ipanema Ventures se prepara para novas aquisições

Capitalizada depois da venda de parte dos negócios da empresa de call center e serviços digitais Wooza para a Allied Tecnologia, no fim do ano passado, a holding de investimentos Ipanema Ventures se prepara para novas compras. Estão no radar empresas dos setores de energia, saúde, logística e agronegócio.

A transação envolvendo a Wooza foi o primeiro movimento de saída de um ativo da Ipanema Ventures. Os valores da negociação não foram divulgados. Segundo fontes do setor de telecomunicações, as condições do contrato preveem que a holding receba um total de até US$ 150 milhões (cerca de R$ 500 milhões) em dois anos.

Inicialmente, a Allied, distribuidora brasileira de produtos de tecnologia que tem como principal acionista a gestora de investimentos Advent, desembolsou R$ 139,5 milhões na operação, fechada no fim do ano passado, de acordo com dados divulgados no balanço da empresa. O pagamento dos valores adicionais está condicionado a metas de desempenho. Os sócios da Ipanema Ventures não revelaram os detalhes da transação.

A Wooza foi fundada em 2008 com o nome de Celular Direto e recebeu o primeiro aporte da Ipanema Ventures em 2011, de R$ 1 milhão. A empresa faz vendas on-line e ativação de linhas de telefonia móvel para as principais operadoras do mercado brasileiro. Além de telecomunicações, ampliou a atuação para áreas como varejo, seguros, saúde e aluguel de carros. A venda para a Allied envolveu apenas a divisão de telecomunicações, que foi desmembrada.

"Essa operação deu liquidez e um múltiplo de resultados para sócios da Ipanema Ventures, co-investidores, e para o empreendedor", diz Marcelo Araújo, sócio fundador e um dos gestores da empresa de venture capital.

Os sócios da Ipanema Ventures, criada há seis anos, são os mesmos fundadores da Ideiasnet, gestora de investimentos focada em empresas de tecnologia, que chegou a ser avaliada em bolsa em R$ 1 bilhão - valor que o sócio fundador Carlos de Almeida chama de "unicórnio" brasileiro. Na concepção original, o termo é utilizado quando uma empresa de startup é avaliada em pelo menos US$ 1 bilhão.

Ao longo da experiência profissional de mais de 30 anos no segmento de tecnologia, passaram pelos empreendedores companhias como a fabricante de comunicações ópticas Padtec e a empresa de publicidade móvel Hands. Eles investiram também na distribuidora de softwares Officer, que chegou a faturar mais de R$ 3 bilhões ao ano, mas foi atingida pela crise econômica e entrou em recuperação judicial. A empresa chegou a fazer parte do portfólio da Ideiasnet, que em 2016 a vendeu pelo valor simbólico de R$ 2.

Até antes da primeira venda, a Ipanema Ventures aplicava capital próprio em rodadas de R$ 400 mil a R$ 1 milhão nas empresas investidas, além de contar com investidores anjos. Agora, para o próximo negócio será estruturado um fundo com capital de terceiros de até R$ 150 milhões.

O portfólio da Ipanema Ventures já conta com uma empresa on-line de compra e venda de imóveis voltada para corretores, chamada Homer, e o Pronto Combustíveis, um aplicativo de cotação e compra de combustível do Brasil. "Já estamos 'garimpando' empreendedores e novas oportunidades com potencial para transformar realidades", afirma Carlos de Almeida.

O venture capital (investimento de risco) ainda é incipiente no Brasil. No ano passado, todas as operações desse segmento somaram pouco mais de R$ 3 bilhões, de acordo com dados do relatório Transactional Track Record, elaborado pela LexisNexis e TozziniFreire Advogados.

Segundo Almeida, até o momento, a Ipanema Ventures avalia cerca de uma empresa por semana, para decidir por um aporte anual em apenas uma. Com o fundo de terceiros, o número de investidas por ano pode mudar. "Precisamos nos antecipar em 10 anos para saber o que tem potencial de venda no futuro", afirma.


Source: Valor Econômico - Brazil 


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