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July 2022

Leitura de Domingo: Negócios de private equity caem, mas fundos têm recorde de US$ 3,6 tri

São Paulo, 28/07/2022 - Os fundos de private equity, que compram participações em empresas, estão enfrentando um ambiente adverso poucas vezes visto historicamente no setor, com inflação persistente, juros em alta, recessão no horizonte, tensões geopolíticas e dificuldade de sair dos investimentos via ofertas de ações nas bolsas. Os negócios foram mundialmente afetados, embora em menor ritmo no Brasil, e as novas captações caíram, mas as gestoras estão com um colchão folgado para enfrentar esses tempos difíceis, estimado em US$ 3,6 trilhões, de acordo com a Bain & Company. É um nível recorde e o dinheiro pode ser usado para irem às compras, no Brasil e no mundo.

Inicialmente, a expectativa era que 2022 fosse ser um ano forte de negócios para os fundos, no mercado brasileiro e externo. Mas o ritmo está mais fraco. Lá fora, as operações despencaram, enquanto o Brasil tem tido números mistos. Segundo dados da Transactional Track Record (TTR), que monitora o mercado de fusões e aquisições, no Brasil foram 44 operações de private equity no primeiro semestre deste ano, queda de 38% em relação ao mesmo período de 2021.

Foram menos negócios, mas com cheques maiores. Com isso, em valor das transações, houve crescimento de 617%, para R$ 16,5 bilhões nos private equity na primeira metade de 2022, segundo dados da KPMG e da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). Considerando só fundos de venture capital, que investem em empresas menores e mais novas, os negócios caíram 48%, para R$ 11,6 bilhões.

"Os fundos de private equity nunca tiveram que lidar com esse ambiente antes", afirma o chefe global da área de private equity da Bain & Company, Hugh MacArthur. "A atividade se reduziu de forma dramática", disse hoje em evento consultoria pela internet.

O ambiente está tão incerto, disse MacArthur, que a recomendação é que os investidores se preparem para ao menos cinco cenários pela frente, que vão desde um pouso suave da economia mundial, passa por outro com recessão moderada e vai até o mais extremo, com severa contração do Produto Interno Bruto (PIB) global. Tudo vai depender do comportamento da inflação, disse o executivo, ressaltando que a alta de preços tem se mostrado mais persistente do que se esperava inicialmente. "A inflação é real e veio para ficar. Vai continuar a estar aqui por algum tempo", ressaltou MacArthur.

Com os bancos centrais subindo juros em todo o planeta para tentar baixar a inflação, e a liquidez do mercado se retraindo, a captação de novos recursos pelos private equities teve queda importante, destacou Brenda Rainey, também Bain & Company. Em 2022, a queda da captação deve ser de 13%, em vários tipos de fundos, sejam os de infraestrutura (-17%); venture capital (-19%); e "growth" (-37%), que apostam em companhias de crescimento acelerado.

"Ainda não vemos nos dados de novas captações o quão desafiador o ambiente se tornou", disse Rainey. A razão é porque alguns fundos começaram a captar em 2021 quando os tempos ainda eram favoráveis e o dinheiro estava farto no mundo. Assim, conseguiram fechar rodadas no começo deste ano. Por isso, as estatísticas ainda não mostram a real perda de fôlego, que vai ficar mais clara no segundo semestre, que deve ter um cenário ainda mais desafiador, disse ela. A americana Advent, por exemplo, lançou em maio um fundo de US$ 25 bilhões, seu maior até hoje.

A falta de novos recursos, contudo, não deve ser um problema para os fundos, que estão bem capitalizados. Muitas gestoras aproveitaram o tempo de liquidez abundante no mercado para criar fundos bilionários. "Houve uma corrida para levantar capital nos últimos dois anos", disse a executiva da Bain. A estimativa é que as carteiras possuem US$ 3,6 trilhões, distribuídas em todos os tipos de fundos - é um capital comprometido e já levantado, mas ainda não investido, o chamado 'dry powder' pelos executivos no setor. "É um nível recorde. A vasta maioria dos private equities está em boa forma para passar pela a tempestade."

Saída

A indústria dos fundos de private equity é cíclica, alternando momentos de boom de investimentos com outros mais fracos, como agora, destacou MacArthur. Além da queda dos negócios e dificuldade de captar recursos, há ainda um problema adicional que os fundos estão passando. Com o mercado de aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês) fechado nos Estados Unidos, Brasil, Europa e em parte da Ásia, a estratégia das gestoras para sair dos seus investimentos ficou comprometida. Ofertas de ações são um dos meios para recorrentes para os fundos venderem, normalmente com lucro alto, suas fatias em empresas e, agora, vão ter que esperar mais tempo, disse o executivo.


Source: Broadcast - Brazil 


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