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Sapo

December 2024, Luís Leitão

Os dez maiores negócios de M&A de empresas nacionais em 2024

O volume de negócios de fusões e aquisições de empresas portuguesas contraiu 33% este ano no valor mais baixo desde 2016. Porém, num mercado anémico, há 10 negócios que brilharam mais que os outros.

O mercado de fusões e aquisições (M&A) em Portugal encerrou 2024 com um desempenho dececionante, confirmando as tendências negativas observadas no primeiro semestre e frustrando as expectativas de recuperação para a segunda metade do ano.

Desde janeiro, foram contabilizadas apenas 584 operações de M&A, representando uma queda de 21% face a 2023, segundo dados da consultora TTR Data. Este número marca o pior desempenho desde 2020, ano fortemente afetado pela pandemia de Covid-19.

O volume de negócios global que estas operações geraram também sofreu uma contração significativa, totalizando pouco mais de 10 mil milhões de euros, menos 33% face aos números de 2023, constituindo assim o volume global de negócios mais baixo desde 2016 associado à ocorrência de nenhuma operação acima dos 1.000 milhões de euros.

Fusões e aquisições na última década

O ano de 2024 voltou a mostrar um mercado de fusões e aquisições pouco dinâmico em Portugal. Além de ter contabilizado o mais baixo número de operações dos últimos quatro anos, movimentou pouco mais de 10 mil milhões de euros, alcançando assim o volume global de negócios mais baixo desde 2016.

O desempenho anémico do mercado de M&A este ano já se anunciava desde o primeiro semestre. Dados da TTR Data já davam nota de que nos primeiros seis meses do ano tinham sido registados apenas 295 negócios, uma redução de 22% face ao mesmo período de 2023, marcando a maior queda homóloga de um primeiro semestre em pelo menos 10 anos. Além disso, o primeiro semestre de 2024 fechou com apenas 7.513 milhões de euros contabilizados em operações de M&A envolvendo empresas nacionais, um mínimo de oito anos.

O fraco desempenho do mercado português de fusões e aquisições de empresas este ano contrasta com um cenário global mais positivo. Segundo o relatório “Look Back at M&A in 2024: Dealmakers Adapt as the Market Idles” da consultora Bain & Company, o mercado global de M&A deverá atingir os 3,5 biliões de dólares até ao final de 2024, um aumento de 15% face a 2023.

O estudo da Bain destaca que o crescimento global foi impulsionado principalmente pelos setores de energia e tecnologia. No setor energético, as grandes operações de consolidação foram predominantes, refletindo a contínua dependência de recursos fósseis da economia mundial.

Esta tendência setorial foi também visível no mercado nacional, com o setor energético a destacar-se amplamente entre os 10 maiores negócios do ano. Um dos negócios mais relevantes foi a concretização da venda por mais de 480 milhões de euros de vários ativos da EDP no Brasil à Edify Empreendimentos e Participações. Esta operação fez parte da estratégia da EDP de desinvestimento em ativos não estratégicos e reforço da sua posição em mercados prioritários.

Outro negócio de destaque foi o investimento de 453 milhões de euros da GVK Omega, uma empresa do private equity KKR, na aquisição de 33,4% detidas pelos pequenos investidores da Greenvolt após o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) voluntária e, mais tarde, a uma oferta potestativa, que posteriormente resultou no controlo total do capital da empresa de energias renováveis pela KKR e na sua saída de bolsa a 21 de novembro.

Também no setor da energia, mas de fora do leque dos maiores negócios do ano por ainda não se ter concretizado, está a venda de 10% da posição que a Galp detém na exploração da concessão da Area 4 na Bacia do Rovuma à Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC). Este negócio, que em agosto recebeu “luz verde” da Autoridade Reguladora da Concorrência moçambicana, deverá gerar um encaixe de aproximadamente 650 milhões de dólares para a Galp, com pagamentos contingentes adicionais de 500 milhões de dólares esperados.

O ano que chega agora ao fim foi marcado por uma contração significativa no mercado de M&A em Portugal, contrastando com um cenário global mais dinâmico. (...)


Source: Sapo - Portugal 


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